Leia os temas de redação para praticar e conheça as aulas particulares de português e redação. Professora Maíra Pereira

PROPOSTA DE REDAÇÃO

A partir da leitura dos textos de apoio abaixo e de seus conhecimentos prévios, escreva um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema: “A precarização do trabalho no mundo contemporâneo”. Use a modalidade escrita formal da língua portuguesa e atente-se para construir uma argumentação coerente e coesa.

(Veja outros tema em: Temas de redação para praticar – Meandros da Escrita)

 

Texto 1:

A precariedade do mercado de trabalho cada vez mais exposta

O aumento da informalidade do trabalho é um fenômeno antigo no Brasil e crescente em vários países, ilustrado pelo avanço do mercado de aplicativos de transporte e entrega. Em 2020, a pandemia do novo coronavírus agravou a situação.

Com menos pessoas e dinheiro circulando pelas ruas, muitas empresas fecharam as portas ou demitiram funcionários, formais e informais. Considerados essenciais na pandemia, trabalhadores de apps chegaram a fazer greve no Brasil por melhores condições de trabalho.

De empregados sem registro na carteira a pessoas que trabalham por conta própria sem CNPJ, o trabalho informal já estava em alta no Brasil antes da pandemia. Após a recessão de 2014 a 2016 – da qual o país ainda não havia se recuperado antes da crise sanitária –, a criação de empregos se deu majoritariamente pela via da informalidade. Ao final de 2019, 40% dos empregos do país – mais de 38 milhões de pessoas – eram informais. Desses, quase metade trabalhava por conta própria.

A pandemia escancarou a vulnerabilidade do trabalho informal e a fragilidade do mercado de trabalho. Nos primeiros seis meses de crise sanitária, 12 milhões de brasileiros perderam o emprego. Entre eles, seis a cada dez eram trabalhadores informais. A desigualdade de renda do trabalho no Brasil cresceu a níveis historicamente altos em 2020.

O auxílio emergencial do governo amparou muitas dessas pessoas na pandemia e ajudou a conter, em parte, uma taxa de desocupação que terminou o ano batendo recorde. Com o fim do pagamento do benefício em 2021, a tendência é que o desemprego dê um salto.”

Disponível em:
https://www.nexojornal.com.br/especial/2020/12/30/20-caracter%C3%ADsticas-de-nosso-tempo-que-o-ano-de-2020-escancarou

 

Texto 2:

“O que há de vulnerável na informalidade

O principal problema de trabalhar informalmente durante a crise é que não há respaldo legal que garanta direitos a estes empregados. Isso significa que, caso um trabalhador informal seja despedido, ele ficará sem acesso ao FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Também não terá acesso ao seguro-desemprego, uma vez que não consegue provar oficialmente que teve vínculo empregatício antes de ficar sem trabalho. Da mesma forma, se um trabalhador informal fica doente ou precisa ficar em quarentena por ter tido contato com alguém que foi contagiado, ele não tem garantias legais como licença médica remunerada.

Assim, os trabalhadores informais ficam sem acesso à rede de proteção social que os empregados formais têm. Para quem trabalha sem carteira, perder o emprego significa basicamente ficar sem renda e sem benefícios, possivelmente tendo de limitar seu consumo. Isso significa que o trabalhador informal está mais vulnerável aos efeitos negativos da crise econômica que deve ocorrer em decorrência da pandemia.

Outra questão importante no trabalho informal brasileiro é a ausência de uma jornada de trabalho fixa. Isso fica especialmente claro, quando se analisa o caso dos que trabalham por conta própria.”

Disponível em:
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2020/03/17/Empregos-informais-os-mais-vulner%C3%A1veis-%C3%A0-crise-da-pandemia

 

Texto 3:

Com a globalização dos mercados e do capital e o acirramento da concorrência internacional entre empresas, a pressão para a minimização do custo do trabalho leva à compressão do número de trabalhadores efetivos e à externalização de um número crescente de tarefas, bem como à deslocalização de tarefas e de empresas para zonas com salários mais baixos. Isso implica a redução do emprego estável e o aumento de uma força de trabalho flexível, que se encontra em condições precárias e pouco ou nada protegidas (Kovács, 2003). A precarização do trabalho é elemento central da nova dinâmica do desenvolvimento do capitalismo, criando uma nova condição de vulnerabilidade social: um processo social que modifica as condições de trabalho (assalariado e estável), anteriormente hegemônicas no período da chamada sociedade salarial ou fordista (Druck, 2011). Esse mecanismo faz do trabalho o principal fator de ajustamento para a competição internacional. É anunciada a redução drástica, até a extinção do emprego estável, a tempo integral, a favor do emprego flexível. Essa evolução implica o aumento da força de trabalho flexível, fluida, periférica ou contingente que engloba, sobretudo, os trabalhadores a tempo parcial, temporariamente contratados, e certas categorias dos trabalhadores por conta própria (Kovács, 2003). O conteúdo dessa precarização comparece na condição de instabilidade e de insegurança, no imperativo de adaptabilidade, na fragmentação dos coletivos de trabalhadores e no esvaimento do conteúdo social do trabalho. Essa nova condição de trabalho, paulatinamente, se torna central e hegemônica, antagonizando com outras formas de trabalho e de direitos sociais que ainda permanecem e resistem (Druck, 2011).
A precarização do trabalho, portanto, tem sido percebida como uma das consequências mais visíveis da flexibilização do mercado de trabalho, que preconiza a proliferação de formas de emprego de caráter flexível, das novas formas de contrato e do declínio da oferta de empregos típicos/permanentes.
(…)
Nessa sua fase de mundialização, o capital tem desempregado cada vez mais o trabalho estável, substituindo-o por trabalhos precarizados, que se encontram em enorme expansão no mundo industrial e de serviços, bem como nas múltiplas interconexões existentes entre eles (Antunes, 2011). Estabelecem-se contratos de trabalho precários, subcontratação em cascata, configurando uma externalização de riscos e responsabilidades, com redução de salários e de empregos (Gomez & Thedim-Costa, 1999). Assim, não é mais o padrão da sociedade do pleno emprego, mas o de uma sociedade de desempregados e de formas precárias de trabalho, de emprego e de vida que passa a predominar, até mesmo naqueles países onde se tinha atingido um alto grau de desenvolvimento econômico e social (Druck, 2011).”

Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-37172017000100001