Entender os critérios de correção da banca pode te ajudar na hora de estudar para a prova de redação do ENEM.
Em primeiro lugar, a redação valerá 1.000 pontos e será corrigida por dois professores, sem que um tenha conhecimento da nota do outro. Caso haja uma diferença de mais de 100 pontos entre as notas, a prova será analisada por um terceiro professor, e a nota final será a média aritmética entre as duas notas que mais se aproximarem.
Confira as 5 Competências avaliadas, sendo que cada uma vale 200 pontos para completar a nota final de 1.000 pontos.
Competência 1: Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.
Para atingir pontuação na Competência 1, você precisa dominar a Norma Culta da Língua Portuguesa em sua modalidade escrita. Portanto, deve saber diferenciar termos e expressões que são típicos da oralidade de um desenvolvimento de escrita formal.
Um erro grotesco é escrever gírias, ou em formato de abreviações que você usaria para conversar com amigos na internet: “vc”, “tb”, “e aí? “, etc.
Além disso, você deve evitar ao máximo desvios de:
Ortografia e acentuação gráfica, atentando-se para o Acordo Ortográfico atual
Regras gramaticais como: regência verbal e nominal, concordância verbal e nominal, pontuação, pronomes e crase.
Competência 2: Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.
A fim de compreender melhor os aspectos avaliados na Competência 2, vamos subdividi-la em 2 partes:
1 – “Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema (…)”
Uma boa pontuação nesta Competência está ligada ao seu repertório cultural e a sua capacidade de interpretação de textos. Portanto, é necessário trazer conteúdos pertinentes de outras áreas, assim como das outras matérias escolares, e relacioná-los ao tema proposto. Também é essencial saber interpretar a proposta da prova e os textos de apoio para não fugir ao tema e nem tangenciá-lo.
Mas o que é tangenciar o tema? Tangenciar o tema é escrever sobre assuntos relacionados a ele, mas sem abordar a questão específica tratada na proposta. Por exemplo, o tema do ENEM de 2018 era “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na Internet”, e muitos concorrentes trataram sobre questões relacionadas à internet, mas sem especificar sobre o controle de dados e a manipulação do usuário. Se você cometer este tipo de erro, vai perder pontos neste quesito da Competência 2.
2 – “(…) dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.”
O que mais interessa na Competência 2, além do entendimento do tema tratado, é o conhecimento sobre a estrutura do texto dissertativo-argumentativo. Portanto, sua redação precisa apresentar uma Introdução, onde você formulará a tese que defenderá; um Desenvolvimento, onde serão expostos os argumentos que embasarão a defesa; e uma Conclusão, que irá finalizar o raciocínio desenvolvido ao longo do texto.
Perderá pontos neste quesito quem fizer uma redação que se aproxime de outros tipos textuais, como a descrição ou a narração. Então, evite relatos e descrições detalhadas, pois o que deve chamar a atenção do leitor é a exposição de um problema e a defesa de um ponto de vista.
Competência 3: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
Esta Competência trata de sua capacidade argumentativa e da organização lógica de seu texto. Ou seja,suas ideias devem estar estruturadas em uma sequência que tornam o texto coerente, compreensível para o leitor. Para isso, você deve mostrar para a banca que fez um projeto de texto, planejou qual seria a tese e selecionou os melhores argumentos para comprová-la.
Informações soltas, sem relação com as outras partes do texto, podem diminuir sua pontuação nesta Competência. Por exemplo, se o que você diz na conclusão está contraditório com a ideia que defendeu na introdução, terá grandes problemas de pontuação.
Além disso, os argumentos escolhidos devem ser os mais adequados para defender sua tese inicial, transmitindo uma relação de sentido.
Uma boa estratégia para ir bem nesta Competência é ler o que escreveu várias vezes, para conferir se as ideias tem ligação umas com as outras, e se o leitor entenderia a progressão de seu raciocínio ao longo do texto.
Competência 4: Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.
Se a Competência 3 trata da argumentação, mas sob a perspectiva do sentido e relação entre as ideias, a Competência 4 também é sobre a construção dos argumentos, mas de um ponto de vista formal. Ou seja, quais são os conectivos que você irá usar para elaborar um texto coeso e compreensível, em que as partes e os argumentos se relacionam.
Então, a fim de garantir a continuidade entre as ideias e a articulação entre os parágrafos e períodos, deve-se usar conectivos como conjunções, advérbios, preposições ou locuções adverbiais. Por exemplo, pode-se introduzir um parágrafo ou ideia nova com: “por conseguinte”, “assim”, “em contrapartida”, “mas”, “portanto”, etc.
Além disso, será avaliada sua capacidade de fazer referência ao que foi dito anteriormente sem repetir palavras, mas usando sinônimos, artigos e pronomes.
Resumindo: para atingir uma pontuação interessante nesta Competência é necessário saber dividir e articular os parágrafos e períodos, saber usar os conectivos, de forma que o texto faça sentido para o leitor, e não repetir palavras.
Competência 5: Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.
A Competência 5 refere-se à qualidade da Proposta de Intervenção que você dará como solução do problema discutido ao longo do texto. Esta deve estar intimamente relacionada ao tema, à tese e aos argumentos que usou, sendo, geralmente, trazida na Conclusão, como uma finalização lógica do raciocínio desenvolvido.
Para conseguir uma boa pontuação nesta Competência, é necessário detalhar a Proposta de Intervenção. Portanto, você precisa sugerir o que fazer para resolver a problemática abordada, quem são os atores sociais que realizarão (o Governo, a família, o indivíduo, etc.), como implantar o projeto e quais os efeitos que trarão. Por outro lado, perderá pontos quem propor soluções muito genéricas (que servem para tudo), ou muito vagas (sem detalhamento).
A Proposta de Intervenção demonstra sua habilidade enquanto cidadão para se posicionar de maneira crítica diante dos problemas da sociedade. Assim, ela deverá obrigatoriamente respeitar os Direitos Humanos, revelando sua consciência social.
