PROPOSTA DE REDAÇÃO:
Após a leitura dos textos de apoio abaixo, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema: “Existem diversas faces da verdade?” Não se esqueça de selecionar os melhores argumentos para defesa de seu ponto de vista, e inseri-los em um texto coerente, organizado e coeso.
(Veja outros tema em: Temas de redação para praticar – Meandros da Escrita)
Texto I:
“Já dizia Leonardo Boff que “todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para entender como alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é a sua visão do mundo”. O ponto de vista que alguém sustenta acerca dos diversos assuntos que lhe são desafiados a opinar está diretamente vinculado à posição que ele ou ela ocupa no campo social. Ponto de vista tem a ver com lugar de fala; e, se estamos posicionados em lugares diferentes, por suposto termos opiniões distintas a respeito das mesmas questões. Ao referirmo-nos a campo social, subjazem condicionantes como história de vida, experiências sociais, individuais e psicológicas relevantes e o modo de lidar com elas, a cultura, a religião e a tradição onde estamos imersos, a classe socioeconômica e a geração de onde provimos, que demarcam necessariamente nosso juízo. Não se é lícito cobrar neutralidade de alguém na medida em que a condição humana é hermenêutica: inarredavelmente, a interpretação recebe influxos da experiência. O fato de nenhuma opinião ser idêntica a outra pelo simples fato de nenhuma posição social ser inteiramente coincidente com outra é a razão da diferença e da divergência que compõem essencialmente o pluralismo das democracias modernas. A diferença e a divergência, todavia, não inviabilizam a comunicação intersubjetiva, pois, a partir de um pano de fundo compartilhado de significados, nos é alcançável a concórdia em meio à controvérsia. Mas, para que o consenso aconteça, é necessário que todos esses pontos de vista singulares sejam levados devidamente em conta.”
Disponível em:
Texto II:
“Nessa sua mais famosa obra, expõe por inteiro a metodologia da dúvida, começando por destruir tudo: sua crença na existência do mundo, dos objetos, de seu próprio corpo, de Deus, Tudo pode ser pura ilusão, sonho. Mas resta uma certeza: “ Penso logo existo” (Cogito, ergo sum, em latim). Descartes reconstrói o Universo, demonstra sua própria natureza, reafirma a existência de Deus, das coisas materiais e, por fim, distingue corpo e alma no homem. O mais importante – e que constitui a metodologia básica do cartesianismo – é considerar como verdadeiro somente o que for possível intuir com com clareza e evidência.”
Disponível em:
https://super.abril.com.br/comportamento/descartes-a-razao-acima-de-tudo/
Texto III:
Disponível em:
https://exame.com/blog/gestao-fora-da-caixa/diversidade-de-pensamento-voce-valoriza-pensamentos-diferentes-dos-seus/
Texto IV:
“VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;”
(Constituição Federal, Art. 5º, CAPÍTULO I: DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS)
Texto IV:
“Diversidade é um tema que ganhou destaque principalmente nos últimos anos. Debatido de várias formas como: escolha sexual, origem étnica, escolaridade, dentre outros, surge como sendo não apenas importante para nosso convívio harmônico, mas como um elemento fundamental para a evolução e inovação das empresas e da sociedade.
Na minha opinião, o nosso maior desafio é a diversidade de pensamento. É muito bonito defender a diversidade de pensamento, mas sua prática é bem mais desafiadora do que parece. Nestas últimas eleições observei com espanto a enorme polarização que ocorreu, incluindo pessoas que no meu convívio próximo aparentavam ser muito dialógicas, mas que de alguma forma foram arrebatadas por uma onda de certeza de que seu ponto de vista era “o correto” e que tudo mais representava algo a ser combatido.
E não podemos atribuir este fenômeno apenas as fake news, elas fizeram sim parte dos ingredientes desta receita de intolerância, mas este bolo desandou por uma combinação de ingredientes que talvez nunca tenhamos olhado com o devido cuidado.
De um lado temos um grupo que se diz anticorrupção e que acusa quem não vota igual de não ter entendido que roubar é errado…do outro lado temos um grupo que se diz contra o preconceito e que acusa quem não vota igual de não ter entendido que preconceito é errado. Com quase nenhuma disposição para o diálogo, frases acusatórias e de indignação pela escolha alheia, inundaram as redes sociais, muitas vezes entre parentes ou amigos que se conhecem a anos!”
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Maíra Pereira é psicanalista, psicopedagoga e professora particular de Língua Portuguesa e Redação. É graduada em Letras pela Universidade de São Paulo, possui Pós-graduação em Psicopedagogia e Neurociências e atua também como revisora de textos em Língua Portuguesa.